A morte comeu minha primeira mãe na década de sessenta. As pequenas petiscadas foram no pescoço, eriçando caroços por todo corpo. Devagar o beijo fatal foi no baço, dois meses após meu primeiro aniversário. Minha segunda mama foi devorada aos pouquinhos nos anos noventa. Primeiro a indesejada lhe introduziu uma vontade de nada, após amputar-lhe o seio . Num ritual satânico e doloroso devorou seu intestino e na sobremesa cristalizou seu estômago roubando sua sanidade. Meu pai e meus irmãos rezaram para que o divino a poupasse, Implorarando a santa morfina que aliviasse suas dores . Minha última mãe virou criança nos braços de Deus. Meu pai limpou seus vômitos, na sua ultima tempestade A noite como um xamã invoquei com fúria, piedade. Pela manhã velaram a morta. O pastor falou da gloria de Jesus. Agradeci aos deuses a graça concedida, e quando o caixão se fechou enterrei também minha autopiedade e chorei minha própria morte. Todos choraram o horror de que um dia estariam lá.
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