Sunday, January 22, 2006

Porto Alegre over cena

(crítica cripta, com mil anos de atraso.)

Não seria mais interessante ,em vez de termos uma semana ou duas cheia de espetáculos interessantes e baratos, podermos fazer isto durante todo o ano assim de uma meneira mais diluída?

A semana do porto Alegre em cena se torna quase uma obrigação ,já que você tem que aproveitar o menu todo ,que não costuma acontecer da páscoa ao natal .

Não seria também mais apropriado,gastar mais verba da cultura com projetos teatrais locais ?.

É claro que fico "contentinha" por temos pelo menos uma semana ,de espetáculos nacionais e internacionais a precinhos bem convidativos!

Não é uma maravilha?

Porém , todavia, contudo, pagaria um pouco mais para assistir os espetáculos com mais calma, durante alguns meses ,sem esta coisa frenética de ter que ver tudo em uma semana ou duas .

Quando acaba voce se sente um maratonista ,exausto ,mas cheio de "cultura" ( que lindo!).

Este rítmo até que serve pra adolescente desocupado, mas pra pessoas com familia, trabalho etc...é uma verdadeira abscenidade.

Foi formidável assistir uma peça do dramaturgo judeu hungaro George Tabori Traduzido como homem branco e cara pálida ,com atores bem competentes. Com um detalhe especial ; o teatro ficava a 5 quadras de meu lar doce lar .

Poderia ir "apezito" !

Depois de assistir o final deprimente do espetáculo, que fez do protagonista carne para Urubus ,nos remetendo cruamente a desgraça , o preconceito e a tragédia humana.

Só pensava em ultrapassar aquelas 5 léguas, para poder me debulhar em casa.

Teria de atravessar todo o deserto sem chorar , não choraria de jeito nenhum na rua .

Se fosse uma tragédia real do tipo morte de um ente querido, até poderia desaguar na rua,sem me importar com o olhar curioso do camelô, mas era apenas um soco estômago, como dizia nossa cara Clarice lispector .

Quase no final da peça o índio e o judeu fazem uma disputa de situações desastrosas para ver quem sofreu mais, quem é mais vítima.Ai! isto acabou comigo . Caminho pensando no meu exagero de sofrimento, será que é hormonal, cultural ou hereditário?

Chorar no cinema, que é escurinho, no divã só com teu analista, sozinha em casa óbvio ululante, ta tudo bem mas naquele teatro ía ser um fiasco ,uma exposição total, já que eu era a única com vontade de chorar, o pessoal parecia tão alegre!

Definitivamente há lugares para chorar e naquele dia não sería na rua ,nem naquele teatro mulambento!

Convenhamos mulheres amigas ,deve ter algum prazer em tudo isso ! .

Sem me dar conta, entro numa rua cheia de bares e pessoas tomando cerveja e escutando pagode bem alto .

Tarde demais eu estava no meio da rua errada, socorro!

Durante o meu percurso faço uma concentração pra ficar invisível, ,quem sabe a limpeza de pele que tinha feito neste mesmo dia, teria me deixado mais branca e transparente!

Penso com raiva e melancolia na ciência atual não ter inventado o teletrasnporte .

Se a Arte antecipa o futuro, pelos meus cálculos, ja está quase na hora de pelo menos visitar-mos outros planetas, e brevemente nos teletransportarmos para qualquer lugar.

O pior é que se tivessem inventado ía ser tão caro que só milionário pra aproveitar a novidade .voce poderia ir como voluntário mas teria 50% de risco de se desintegrar, mas vc estaria claro ajudando a ciência e as celebridades ( Que lindo!).

Subi a Borges feito uma papeleira carregada, a água que não caia de meus olhos pesava uma tonelada na minha garganta, respirava fundo e repetia para mim mesma, na rua não queridinha , se voce chorar vai apanhar quando chegar em casa!

Passei pelo porteiro, dei um boa noite engasgado , cheguei no elevador ensaiei um beiço mas lembrei da câmera indiscreta e do porteiro incherido.Abri a porta de ferro, depois a outra, gostei do brilho do assoalho ,lembrei que o computador estava ligado , liguei a tv pra fazer um barulhinho,sentei na cadeira giratória, acessei o Word e escrevi.

Pasmem nem chorei.


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