Wednesday, January 25, 2006

Os musos são provisórios



Meu muso aspira dor, sugou a penúltima poeirinha do meu italiano coração,porque a última esta ali pra sempre.

È uma melancolia que carrego como respiro. As vezes esqueço quando o vinho é bom! O que a música lembra.

No compartimento do pensamento no décimo andar, a alegria mora desde que nasceu. o riso, filho primogênito, dizem ,anda meio desmilolado. Mas é puro boato!

Corre no condominio que o segundo filho é o beijo. maluco pra tocar a boca da vizinha louca do prédio ao lado.

Todo edifício tem tijolo e um tolo! Na cobertura habitam dois babões, que apaixonados pela paixão , isto eles tem em comum,pensam que são um.

No térreo ,meio apodrecido ,uma familia de sicilianos berram o que não podem, e calam a verdade. A mama da cena mandou a tia fazer terapia, solteira convicta engana o pai e faz poema. A dor que ela tem, escreve, o amor que ela sente , transborda. tanto que deu vazamento na sala de estar.

O síndico pediu para ela parar. Agora ela controla a hora, fecha a porta de leve, e corta.




Tuesday, January 24, 2006

apresento a voces um novo personagem:



O nome dela dela é chinélia.
Quem é chinélia?
Ela é uma china gaudéria linguaruda, que costuma dizer tudo que pensa,em forma de trova e de milonga.

Ja teve em sua vida, centenas de homens. Fala deles com uma tamanha propriedade e certeza ,que costuma assustar o" macharedo."

Costuma dizer :
- homem é só chutar uma lata ,que sai um monte botando as calças, se escondendo das suas esposas.
Chinélia faz palestras por todo país ,para avisar mulheres desatentas.

sempre desbocada,faz sucesso com este estilo,incentiva a mulherada a botar chifre a torto e a direita nos maridos ,porque mais cedo ou mais tarde eles o farão.Assim elas terão créditos de vingança e nem vai doer tanto.
Os criticos de arte costumam acusa-la de utilizar rimas fáceis ela costuma se defender apontando a necessidade de considerar as mulheres loiras .

No seu ponto de vista a música popular brasileira, tirando o chico Buarque e raras excessões, todo mundo rima facinho .
Antes de entrar mais na personalidade de chinélia ou china velha como os homens despeitados costumam chinga-la, mostrarei uma trova da moça ,que faz muito sucesso com as mulheres frustadas:


A Trova da malamada: (da mala amada) I parte


Procuro um amante pra todos os dias em que te odeio!
procuro ! quando me olhas com este olhar de amor velho!
e no teu olhar, não mais me refletes no espelho.
Me deixando sozinha remoendo e enrolando os dedos no cabelo.
Procuro um sujeito para fazer sexo com amor sem compromisso
que me tire dos novelos
Para eu dizer bem feito! omisso!
Te botei um chifre, enquanto me ofereces um chinelo de pêlo.

Numa próxima aparição Chinélia falará sobre O Mito:

Pau pequeno é ou não é um troço nojento!




Sunday, January 22, 2006

Porto Alegre over cena

(crítica cripta, com mil anos de atraso.)

Não seria mais interessante ,em vez de termos uma semana ou duas cheia de espetáculos interessantes e baratos, podermos fazer isto durante todo o ano assim de uma meneira mais diluída?

A semana do porto Alegre em cena se torna quase uma obrigação ,já que você tem que aproveitar o menu todo ,que não costuma acontecer da páscoa ao natal .

Não seria também mais apropriado,gastar mais verba da cultura com projetos teatrais locais ?.

É claro que fico "contentinha" por temos pelo menos uma semana ,de espetáculos nacionais e internacionais a precinhos bem convidativos!

Não é uma maravilha?

Porém , todavia, contudo, pagaria um pouco mais para assistir os espetáculos com mais calma, durante alguns meses ,sem esta coisa frenética de ter que ver tudo em uma semana ou duas .

Quando acaba voce se sente um maratonista ,exausto ,mas cheio de "cultura" ( que lindo!).

Este rítmo até que serve pra adolescente desocupado, mas pra pessoas com familia, trabalho etc...é uma verdadeira abscenidade.

Foi formidável assistir uma peça do dramaturgo judeu hungaro George Tabori Traduzido como homem branco e cara pálida ,com atores bem competentes. Com um detalhe especial ; o teatro ficava a 5 quadras de meu lar doce lar .

Poderia ir "apezito" !

Depois de assistir o final deprimente do espetáculo, que fez do protagonista carne para Urubus ,nos remetendo cruamente a desgraça , o preconceito e a tragédia humana.

Só pensava em ultrapassar aquelas 5 léguas, para poder me debulhar em casa.

Teria de atravessar todo o deserto sem chorar , não choraria de jeito nenhum na rua .

Se fosse uma tragédia real do tipo morte de um ente querido, até poderia desaguar na rua,sem me importar com o olhar curioso do camelô, mas era apenas um soco estômago, como dizia nossa cara Clarice lispector .

Quase no final da peça o índio e o judeu fazem uma disputa de situações desastrosas para ver quem sofreu mais, quem é mais vítima.Ai! isto acabou comigo . Caminho pensando no meu exagero de sofrimento, será que é hormonal, cultural ou hereditário?

Chorar no cinema, que é escurinho, no divã só com teu analista, sozinha em casa óbvio ululante, ta tudo bem mas naquele teatro ía ser um fiasco ,uma exposição total, já que eu era a única com vontade de chorar, o pessoal parecia tão alegre!

Definitivamente há lugares para chorar e naquele dia não sería na rua ,nem naquele teatro mulambento!

Convenhamos mulheres amigas ,deve ter algum prazer em tudo isso ! .

Sem me dar conta, entro numa rua cheia de bares e pessoas tomando cerveja e escutando pagode bem alto .

Tarde demais eu estava no meio da rua errada, socorro!

Durante o meu percurso faço uma concentração pra ficar invisível, ,quem sabe a limpeza de pele que tinha feito neste mesmo dia, teria me deixado mais branca e transparente!

Penso com raiva e melancolia na ciência atual não ter inventado o teletrasnporte .

Se a Arte antecipa o futuro, pelos meus cálculos, ja está quase na hora de pelo menos visitar-mos outros planetas, e brevemente nos teletransportarmos para qualquer lugar.

O pior é que se tivessem inventado ía ser tão caro que só milionário pra aproveitar a novidade .voce poderia ir como voluntário mas teria 50% de risco de se desintegrar, mas vc estaria claro ajudando a ciência e as celebridades ( Que lindo!).

Subi a Borges feito uma papeleira carregada, a água que não caia de meus olhos pesava uma tonelada na minha garganta, respirava fundo e repetia para mim mesma, na rua não queridinha , se voce chorar vai apanhar quando chegar em casa!

Passei pelo porteiro, dei um boa noite engasgado , cheguei no elevador ensaiei um beiço mas lembrei da câmera indiscreta e do porteiro incherido.Abri a porta de ferro, depois a outra, gostei do brilho do assoalho ,lembrei que o computador estava ligado , liguei a tv pra fazer um barulhinho,sentei na cadeira giratória, acessei o Word e escrevi.

Pasmem nem chorei.


mãe cristalizada(sobre-mesa) bibelô sobre a mesa

Eu vi a mulher pedra.

Preciosa ?

Polida .

Pérola.

Paralisada .

Palmada na mão de deus

Solar girava a dança estática dos minerais.

Limpava rachaduras.

Fendas de diamantes .

Numa flanela flamejante esfregava .

Nem com o melhor dos alvejantes brilhava.

Objeto de desejo acreditava.

Pedra de ser pega e olhada .

crisólito desejava .

ser a jóia preferida.

Esfinge dourada.

Nenhum grito.

Nenhuma peçonha .

Uma loucura nos pés

nas mãos outra vergonha .






Foto by cris

mais mamães a menos.

Eu tinha raiva de Deus .
Da peça que ele me pregou.
Me deu o gosto de mãe
logo depois me tirou


Mandou por no lugar uma mulher esquisita.
Nem gosto de leite tinha Nem semblante nem guarita.
Que injustiça Que pecato! Tirar chupeta de criança.
Tirar a teta tirar o trato.
Tirar a paz e a lembrança.


Grito choro e esperneio
Querendo mama querendo seio .
Querendo drama Querendo um meio.
Só na cama te tenho inteiro.

.Assim como eu canto com voz de sereia.
grito feito megera .
Exigindo esperas e teias .


Só mostro a princesa Para quem beijar a fera.
só mostro a beleza para quem olhar a feia.

E assim me apresento .
Esta sou quase eu.
Somos muitos personagens ,tudo começou nesta viagem de nascer e logo perder
E continua nas criaturas que apareceram para eu crescer .
Músicos fadas poetas e bandidos.
Me ensinam que eu não preciso ter medo de perder o que esta perdido.



o câncer das mamas



A morte comeu minha primeira mãe na década de sessenta.
As pequenas petiscadas foram no pescoço, eriçando caroços por todo corpo.
Devagar o beijo fatal foi no baço, dois meses após meu primeiro aniversário.
Minha segunda mama foi devorada aos pouquinhos nos anos noventa.
Primeiro a indesejada lhe introduziu uma vontade de nada, após amputar-lhe o seio .
Num ritual satânico e doloroso devorou seu intestino e na sobremesa cristalizou seu estômago roubando sua sanidade.
Meu pai e meus irmãos rezaram para que o divino a poupasse,
Implorarando a santa morfina que aliviasse suas dores .
Minha última mãe virou criança nos braços de Deus.
Meu pai limpou seus vômitos, na sua ultima tempestade
A noite como um xamã invoquei com fúria, piedade.
Pela manhã velaram a morta.
O pastor falou da gloria de Jesus.
Agradeci aos deuses a graça concedida, e quando o caixão se fechou enterrei também minha autopiedade e chorei minha própria morte.
Todos choraram o horror de que um dia estariam lá.








mamãe mão mamão alemão (chata aquela psi lacaniana mas faz sentido.)

Um dia quando interrogava a "dor de cabeça"

de uma criança pequena, Françoise Dolto teve a idéia de lhe perguntar onde se localizava sua dor : Me mostre , onde é que voce tem dor de cabeça?

_ Aqui diz ela , mostrando a coxa ,perto da virilha.

_ E aí é a cabeça de quem?

_ De mamãe.

(Um saber que não se sabe,Maud Mannoni)











(foto:Paulo Biurrum)