Quando saio toda bonita
boca pintada, roupa na medida
Toda vaidosa, orgulhosa!
Mulher pra lá de exibida.
De repente dou de cara(Quase de fuça)
Com uma rapariga sofrida
cara assim desmilinguida
Com as vestes carcomidas
Um olhar de chorosa, quase idosa,
Como quem pede comida, bebida (qualquer coisinha ).
Fecho os olhos, fico ausente.
Como um autista, um demente.
Nossos olhos se encontram em instantes,
Mas já estou quilômetros adiante,
Tento apagar a imagem ,desligar o botão, deletar o pensamento
mas é tarde, estou contaminada
Da uma vontade de nada ,uma depressão,
de lavar o rosto com sabão, camuflar-se com graxas de sapato,
gritar feito índio, sem roupa :
Vaidade tudo é vaidade! (feito rei Salomão)
Irar ,bater, chorar e morrer de tristeza!
Porque pão e beleza foram feitos só para alguns?!
É neste pequeno encontro , não sou mais a mesma
de borboleta viro lesma ,espumando um líquido viscoso
me arrastando feito cachorro sarnoso e sem perna.
Vou seguindo pela calçada sem direito a,
rímel , batom e esperma .
Sou um ser asqueroso que só liga para o ego,
enquanto milhares de outros miseráveis penam no mundo sem teto.
Mas depois deste giro, desta parada.me distraio como uma menininha,
Volto toda animada.
a pensar nas comprinhas
na cortina ,pratos novos para o jantar.
Ai que refresco!
Me esqueço de tudo.
Vou lembrando dos estudos , da análise, em cantar
Fazendo contas, pensando em me organizar.
Mas feito um corte que volta a sangrar encontro com a morte na esquina da Andradas.
Um corpo pobre e morto esticado na caminho.
Há ! tá !não da pra ser feliz só um pouquinho?
Eta realidadezinha cruel!
Não da nem pra curtir um chanel ,uma uma grife sem sentir culpa?
Tomar um café expresso, ler um jornal sem pressa, sem multa.
Morar no centro é assim
Um momento alegre outro ruim.
Uma gente que não tem fim, um barulho de broca no asfalto.
Vou me mudar para oBom fim.
Se bem que o bairrinho judeu não anda La essas coisas!,
Agora com a reforma do mercado, com as obras do viaduto ,do capitólio vou ficar por aqui mesmo. no território do pecado .
Em tempo de festas e presentes
Tudo parece decadente,
em tudo que se vende e consome
Perto dessa gente que tem fome
Que dorme na rua e assiste, esse consumismo triste,
Isto é piada de homem?
Enquanto alguns agüentam esse disparate, outros enchem o Cu de chocolate.
Felizes Páscoas , Felizes natais
Feliz dia dos animais !
Engasga desgraçado! mas não reparte, o trigo nem a terra
nem com briga nem com guerra ,não reparte ,não divide.
Quanto tempo vai precisar, para limpar as imundices verde amarelas?
Quanto tempo vai demorar para que puxemos o tapete dos que se fazem de cego esses aí?, e outros bigodinhos, de um partidinho que se faz, de bonzinho.
Sem coragem de mudar o óbvio,
que é tirar de quem tem em excesso, para dar pra quem não tem nem pro começo.
Quanto tempo pra saber que samba e pizza não resolve , que passividade não absolve.
Eu sei que não presto, e deixo bem claro., sou a favor da greve e do protesto.
. Pra desacomodar o incesto entre as classes abastadas ,famílias estabilizadas
Que só se dão conta da sua parte ,quando acontece um desastre, e mesmo assim a memória é “short”
Já penso em derrubar, acabar com aquele muro estúpido da Mauá
Artista que é ,não pinta esse muro, não tapa o sol e o rio com a peneira,
Pega a foice e a retro escavadeira e derruba a barreira
irreverentemente
faz uma meleca e grita:
tijolo! Cimento!
. pedras ao vento!
vamos olhar todo tempo nosso rio,
E os abobados da enchente vão pra puta que pariu.